No ano académico 2017/2018 a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa recebeu bolsas para a mobilidade de alunos, docentes e colaboradores, com a Loyola University Law Faculty, em Nova Orleães, através do Programa Internacional Credit Mobility, gerido pelo Erasmus+. Apesar da universidade americana não ter ainda conseguido enviar alunos para frequentar um semestre na FDUL, a Faculdade enviou dois dos seus alunos de Mestrado: Diana Gondim e Thiago Huver.
O que os motivou a participar neste programa?
(DG) A possibilidade de estudar num continente diferente, com sistemas educacional e legal diferentes, além da oportunidade de melhorar o meu inglês. Para o tema da minha dissertação, que envolve o direito das mulheres, interessava-me a possibilidade de aprofundar a história dos movimentos das mulheres que se iniciaram nos Estados Unidos.
(TH) A possibilidade de vivenciar o dia a dia de uma universidade americana e a oportunidade de aprofundar conhecimentos sobre o sistema legal norte-americano foram as principais razões pela candidatura no programa.
Quais foram as principais dificuldades na organização da viagem?
(DG) O pouco tempo que tivemos entre a divulgação dos resultados dos aprovados para o intercâmbio e a data da viagem.
(TH) Inicialmente a principal dificuldade foi o curto tempo entre a divulgação do resultado do processo de seleção e o início do programa. A principal dificuldade, sem dúvidas foi conseguir uma residência. Como fomos os primeiros alunos a frequentarem o programa, ainda não tínhamos nenhum feedback anterior sobre os bairros da cidade, os valores habituais das rendas e etc. não havia um parâmetro para nos basearmos. Outra dificuldade, ainda em relação à habitação, está ligada ao período de mobilidade. Chegamos no decorrer do semestre académico, momento em que as residências estudantis já não mais possuem quartos disponíveis, de mesma forma que o prazo mínimo para renda de apartamento costuma ser de seis meses, superiores aos quatro meses de mobilidade. Por sorte, o staff da Loyola University foi muito solícito e não mediram esforços para nos ajudarem a encontrar uma residência.
Qual foi a primeira impressão da cidade?
(DG) A primeira palavra que me vem quando penso na cidade de Nova Orleães é “receptividade”. O povo e a cidade sabem receber como ninguém. Há eventos culturais praticamente todas as semanas, festivais, e sempre que alguém que vive cá descobre que estamos de passagem, faz uma lista de coisas que devemos fazer e lugares que devemos visitar antes de irmos embora, principalmente restaurantes! A culinária faz parte da cultura desta cidade. As pessoas são muito receptivas, simpáticas, sorridentes e puxam conversa no meio da rua sem te conhecer.
(TH) A primeira impressão foi muito boa. As pessoas em Nova Orleães são muito simpáticas e recetivas, o que me fizeram sentir acolhido e habituado muito rapidamente. Logo descobrimos que a cidade é carinhosamente conhecida como big easy, especialmente pelo estilo de vida de easy going de seus habitantes. Talvez o único ponto negativo a ser apontado da cidade está relacionado ao transporte público, o qual é insuficiente e se explica pela cultura americana de ter e depender de carros.
Como foram acolhidos pela Faculdade de Direito da Universidade de Loyola, em Nova Orleães?
(DG) Fomos acolhidos como Reis. Nos apresentaram a cada pessoa que trabalha ali, explicando a função de cada um. Nos mostraram toda a faculdade. Nos deram acesso às instalações desportivas e ao sistema de shuttle, ambos gratuitos. O shuttle nos ajuda muito a ir de um sítio a outro na cidade, já que não há tantas opções de transporte público.
(TH) Ainda antes de embarcar rumo aos EUA, a Loyola já se apresentava extremamente solícita e nos deu todo o suporte relacionado ao trâmite burocrático da universidade e também relacionados a visto e imigração aos EUA. Já em Nola, staff e professores sempre se mostraram muito interessados em nos fazer sentir bem-vindos e conectados com a vida académica. Tiveram o cuidado de nos apresentar toda a estrutura da universidade que estaria a nossa disposição, nos colocar em contacto com outros alunos da faculdade e ainda nos dar as melhores dicas de como aproveitar nosso tempo pela cidade.
Qual a vossa impressão da Faculdade, o que tem de melhor e o que tem de pior?
(DG) Fiquei positivamente impressionada com a Faculdade. Por ser uma instituição pequena, principalmente se comparada à FDUL, há um contato muito próximo entre alunos e a faculdade, com fácil acesso seja aos serviços e ao staff, como mesmo aos Professores. Tivemos a oportunidade de trabalhar como assistentes de pesquisa de dois professores (no meu caso), sendo remunerados para tanto. O único “defeito” que encontrei aqui tem a ver com a época em que viemos, de abril a julho, que corresponde ao semestre de verão: as aulas são on-line, o que não facilita o convívio com outros estudantes, o que enriqueceria nossa imersão cultural.
(TH) A primeira boa impressão da faculdade está relacionada ao fácil acesso ao staff e principalmente aos professores, sempre dispostos a um café para troca de informações e conhecimento. A estrutura em si da faculdade é muito boa, com biblioteca bastante ampla e completa, com ótimos espaços para estudo e impressão de documentos, complexo esportivo com quadras, ginásio e piscina tudo sem custo para os alunos e ainda um sistema de transporte interno que liga boa parte da cidade, também gratuito, e que nos fez esquecer um pouco da carência de transportes públicos da cidade.
Qual o impacto que esperam resultar desta experiência na vossa vida profissional?
(DG) Espero que esta experiência resulte em uma valorização do meu curriculum perante as sociedades de advogados e empresas em Portugal ou mesmo em outros países. O aperfeiçoamento da língua inglesa e o aprofundamento no sistema “common law” devem contar a meu favor na busca por um emprego, assim como a experiência adquirida como assistente de pesquisa.
(TH) A vivência de uma cultura completamente diferente já engrandece muito a vida de qualquer pessoa. Acredito que os conhecimentos adquiridos sobre sistema legal dos EUA, a possibilidade de presenciar as Cortes locais, são fundamentais para o desenvolvimento da carreira de advogado, especialmente em decorrência da globalização e da conectividade das relações internacionais. O contacto com excelentes professores também é indispensável para futuras candidaturas a doutoramento e outros programas ligados à academia.