1 – Qual é o panorama da mobilidade atualmente face às imposições de distanciamento social e aos pedidos da Universidade e das universidades parceiras no sentido de regresso a casa dos alunos em mobilidade?
Os tempos em que vivemos não são bons para as relações internacionais das Faculdades (com a suspensão dos Cursos Intensivos, o cancelamento das reuniões internacionais), muito menos para os programas de mobilidade académica. Os estudantes que se encontram em mobilidade, ao abrigo do Programa Erasmus ou equiparados vêm muitas das suas expetativas defraudadas. Vinham em busca de um “ambiente académico” novo, de uma cultura e de um país diferentes, de fazer novos colegas e amigos, e deparam-se com a Faculdade encerrada e as aulas a decorrer online, com os monumentos fechados e as ruas desertas, com a reclusão em casa e a impossibilidade de conhecer alguém que não seja pela internet. Perante isto tudo, eles enfrentam uma questão dilemática: devem levar a sua estadia até ao fim e procurar “salvar” alguma(s) disciplina(s) através da lecionação e avaliação online, ou devem voltar à sua Faculdade de origem, encontrar uma situação idêntica e arriscar-se a chegar demasiado tarde e a ter de dar o ano como perdido Decididamente, este não era o Semestre certo para escolher fazer Erasmus ou intercâmbio similar. Mas ninguém podia adivinhar…
2 – Qual o impacto desta situação no quadro futuro da mobilidade?
No imediato, a situação é crítica e preocupa todos os envolvidos (estudantes, professores, faculdades de origem e de destino). Mas, uma vez superada a pandemia, julgo que há boas razões para ter esperança de que tudo vai voltar ao normal. O decisivo é o agora, há que fazer um esforço para que estes “estudantes da geração da pandemia” possam ter um mínimo de aproveitamento académico, conjugando os esforços das Faculdades de origem e de destino, para encontrar soluções de alternativas de lecionação e de avaliação online, de modificação dos planos de estudo e de flexibilização dos regimes de equivalência. É preciso evitar que a COVID-19 “infete” a mobilidade estudantil, assim como minimizar possíveis “contágios” na europeização e na internacionalização das Faculdades.
3 – Que medidas estão a ser tomadas em relação aos alunos portugueses que regressam e aos alunos estrangeiros que continuam na FDUL para que possam concluir o semestre com sucesso?
Relativamente aos estudantes Erasmus e de intercâmbio, que continuam na FDUL, procuramos assegurar que estão a ter aulas online, em língua inglesa ou em português, assim como admitimos mudanças do respetivo plano de estudos, para autorizar a substituição das disciplinas originariamente escolhidas, por outras em que sabemos estar a existir lecionação e avaliação online. Por outro lado, estamos a reprogramar e a calendarizar os Cursos Intensivos, que tinham sido suspensos e que agora vão ser retomados online, graças à boa-vontade dos colegas estrangeiros e da FDUL (a quem fiz um apelo para a lecionação de novos Cursos Intensivos, sobre temas de direito português, europeu ou internacional, em língua inglesa, que teve bastantes respostas positivas, que muito agradecemos). Enfim, procurar fazer o possível para garantir algum aproveitamento académico. Relativamente aqueles que decidem voltar ao seu país, fornecemos a declaração de existência de uma situação de força maior, que permite evitar a devolução integral da bolsa obtida e pagar as despesas de regresso a casa, certificamos os resultados da estadia, e dizemos-lhe que são muito bem-vindos, se pretenderem voltar, no próximo ano letivo, garantindo-lhes lugar como “extra-numerários”.
No que respeita aos estudantes portugueses, que continuam no estrangeiro, em mobilidade, procuramos garantir todo o apoio de retaguarda de que necessitem, assim como admitimos todas as alterações de planos de estudos pretendidas. Quanto aos estudantes portugueses que regressaram à FDUL, procuramos garantir que as Faculdades de destino certifiquem a situação de força maior, damos equivalência às disciplinas a que obtiveram aprovação e procuramos dar a informação necessária para que se integrem, o melhor possível, na atual “vida académica online” da nossa Faculdade.
Tal como disse, há pouco, há que fazer tudo o possível para evitar a “infeção” da mobilidade da nossa Faculdade pelo “corona vírus”.